quarta-feira, 1 de julho de 2009

REFORMULAÇÃO DO EXERCÍCIO REFLEXIVO

Oralidade e escrita
(Perspectivas para o ensino de língua materna)

A língua, falada e escrita, no decorrer dos últimos anos foi investigada exaustivamente por vários estudiosos. Pode-se evidenciar nesses estudos que existem diversas interpretações e linhas de pensamento, mas que há um certo ponto de concordância ao evidenciarem que a fala deve ocupar um lugar de destaque no ensino de uma língua, contrariando antigas teorias.
Segundo Biber, culturalmente os homens aprendem a falar antes de escrever e, individualmente, as crianças aprendem a falar antes de ler e escrever.

Ensino da língua na escola

Ao chegar à escola, a criança precisa aprender que a língua que ela fala não é homogênea. Precisa-se trabalhar com ela as mais variadas representações lingüísticas, variando do mais formal ao coloquial utilizado no dia a dia. No Brasil, por exemplo, há uma notória diferença entre o que é falado no Estado do Rio Grande do Sul e o que é dito na Bahia. Em algumas vezes, encontramos diferenças até em uma mesma cidade e essas variações precisam ser conhecidas pelo educando.

A organização da fala e da escrita

Para tentarmos prosseguir no estudo da língua, é importante saber como caracterizar a conversação. Esta é definida como uma atividade que precisa de no mínimo duas ou mais pessoas (interlocutores) que participem e se alternem entre si sobre um assunto de interesse comum. Esses interlocutores, devem possuir o mesmo direito no que se refere a escolha do tema da conversa, que pode ser realizada face a face ou por outros mecanismos como telefone, via internet, entre outros.

Estrutura de uma conversação

Ventola destaca alguns elementos de uma conversação que serão caracterizados a seguir:

Tópico/Assunto: Estabelece e mantém relacionamentos sociais, pois propicia o contato entre os participantes de uma conversa. Imaginemos dois amigos conversando sobre um determinado assunto, por exemplo.

Papéis dos Participantes: Os participantes desempenham vários papéis, dependendo da situação em que se encontram.

Modo: É determinado pelo objetivo da interação. Ele pode ser mais formal ou nada formal, como numa conversa entre dois adolescentes via internet, por exemplo.

Meio: É o canal de comunicação entre os participantes. Pode ser face a face, via telefone etc.

IMPORTANTE: O aspecto interacional pode determinar a estrutura da conversação. Um individuo irá se expressar de uma forma, quando for pedir um empréstimo bancário e se expressar de outra completamente diferente ao se dirigir ao seu irmão numa conversa normal do dia a dia, por exemplo.

Texto falado

Dittmann considera as seguintes características básicas para melhor entendermos o texto falado.
a) interação entre pelo menos dois falantes;
Precisa-se de um entendimento entre os participantes, o tema da conversa deve ser de conhecimento e aceitação de ambos.
b) ocorrência de pelo menos uma troca de falantes;
Não fica caracterizado uma conversação se somente um dos indivíduos tiver o monopólio da fala e o outro participante não conseguir se expressar, nem entender o que o outro diz.
c) presença de uma seqüência de ações coordenadas;
Há a necessidade de um início, meio e fim.
d) execução num determinado tempo;
O evento comunicativo precisa acontecer em um determinado tempo. É inviável iniciar um diálogo e o outro participante só responder um dia depois.
e) envolvimento numa interação centrada.
Ambos devem ter o direito de aceitar ou não o tema proposto. O interesse deve ser comum entre os participantes.
Podemos visualizar que a feitura de um texto falado corresponde a uma atividade social que necessita de interações entre no mínimo dois indivíduos que possuam algum objetivo em comum.

Níveis de estruturação do texto falado

A estrutura da conversação se organiza em diferentes níveis. A seguir, será caracterizado o nível local e global:
Local: A conversação se estabelece por meio de turnos em que os participantes necessitam de um “ponta pé inicial” de alguém. As falas vão se desenvolvendo uma após a outra e no decorrer da conversa pode ocorrer mudança de assunto, volta ao assunto inicial, hesitação etc.
Global: Acontece da mesma maneira que o global, mas a formulação do texto obedece a algumas normas específicas da organização global.
Para ocorrer essa estrutura, há a necessidade de um conhecimento prévio e partilhado entre os participantes, pois no decorres da conversa poderá haver uma digressão (desvio do tópico discursivo) de uma determinada fala como foi exemplificado na ilustração a seguir:

Falante 1: Menegildo, você vai no casamento da Zélia?

Falante 2: Não sei! Estou indo pro trabalho agora e lá vou ver se vai dar pra eu ir.

Falante 1: Você vai verificar se estará de plantão no sábado?

Falante 2: Sim.
O falante 1 só entendeu a primeira resposta, pois sabe que Menegildo é médico e costuma dar plantões nos finais de semana, ou seja há um conhecimento compartilhado entre ambos.

Coesão e coerência no texto falado

Alguns estudiosos atribuíram alguns termos para explicarem a coerência e coesão que são características básicas de um texto. Logo abaixo, tentaremos parafrasear os estudos de Fávero no que diz respeito à coesão:
Coesão referencial: Destaca-se a repetição de uma mesma palavra ou expressão.
Ex) Eu gosto de estudar... mas estudar matemática é muito complicado, pois preciso estudar várias fórmulas que são difíceis de decorar.
A alta incidência de repetições no texto favorece a coesão. Eu acredito que repete várias vezes uma palavra ou expressão nos dá a impressão de que possui um vocabulário muito limitado.
Coesão recorrencial: pode-se utilizar outras palavras para explicar o que se entendeu (paráfrase).
Ex) Falante 1:Nossa! O carro dele deve estar a mais de 100 km por hora...
Falante 2: É verdade! Ele está voando baixo...
Coesão seqüencial: Utiliza-se conectores que vão dando continuidade aos turnos.
Ex) Falante 1:Eu cheguei tarde? E daí?
Falante 2: daí que vai ser descontado do seu pagamento. (lembra a Bozena)

Estrutura do texto falado

O texto nos aponta que há quatro elementos básicos que contribuem par a estruturação do texto falado. Logo a seguir tentaremos caracterizá-los:

Turno: É o conjunto das falas produzidas pelos participantes, incluindo o silêncio. Eles se alternam entre si.
Exemplo: O Sr. diretor da FEBF irá discursar neste momento:
Bom... eu gostaria de agradecer a todos pela...

Tópico discursivo: Podemos dizer que é o foco/tema da conversação.
Exemplo: Margarida, vamos fofocar sobre as roupas das mulheres desta festa?

Marcadores conversacionais: elementos verbais, lingüísticos utilizados numa fala.
Ex) sorriso, o jeito de olhar, o choro etc.

TEXTO II
FÁVERO, Leonor L. Andrade, Maria Lúcia C. V. AQUINO, Zilda G. O. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino da língua materna. 6. Ed., São Paulo: Cortez, 2007.

Fávero, Leonor Lopes
Oralidade e escrita: perspectiva para o ensino de língua
materna/Leonor Lopes Fávero, Maria Lúcia da Cunha V de
Oliveira Andrade, Zilda Gaspar Oliveira de Aquino. – 6. ed. –
São Paulo: Cortez, 2007.


Um comentário:

  1. Chico, a reformulacao ficou excelente!! Parabens pela organizacao e articulacao com as quais voce demonstrou seus avancos. Faco, porem, uma sugestao: no in'icio, fa'ca uma contextualizacao da atividade; explique como aconteceu... Coloque a referencia completa do texto...

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